Variações Climáticas e Mastite: Como Proteger o Rebanho Leiteiro em Tempos de Instabilidade

Guilherme Sabadin • March 13, 2025

Entenda os efeitos do estresse térmico na imunidade das vacas e as estratégias para reduzir os riscos da doença que ameaça a produção de leite.


  1. O impacto das variações climáticas na saúde das vacas leiteiras
  2. Estresse térmico como gatilho para a queda da imunidade
  3. Umidade e proliferação de patógenos
  4. Como as oscilações térmicas afetam a produção
  5. Medidas preventivas para mitigar os riscos da mastite

1. O impacto das variações climáticas na saúde das vacas leiteiras
As mudanças bruscas de temperatura e eventos climáticos extremos têm se tornado um desafio crescente para a pecuária leiteira. Vacas expostas a ondas de calor, frio intenso ou umidade elevada sofrem alterações fisiológicas que comprometem seu bem-estar. Essas oscilações criam um "ambiente ideal" para doenças, pois desequilibram o sistema imunológico dos animais.

O estresse causado pelo clima não apenas reduz a produção de leite, mas também eleva a suscetibilidade a infecções. A mastite, inflamação da glândula mamária, é a principal preocupação, já que afeta diretamente a qualidade e a quantidade do leite. Dados indicam que rebanhos sob estresse térmico podem ter até 30% de queda na produtividade, além de custos elevados com tratamentos.

Regiões com estações chuvosas intensas ou secas prolongadas são as mais vulneráveis. Nessas condições, os animais gastam mais energia para regular a temperatura corporal, deixando menos recursos metabólicos para combater patógenos. Isso exige atenção redobrada dos produtores para evitar prejuízos econômicos e sanitários.

2. Estresse térmico como um gatilho para a queda da imunidade

O estresse térmico ocorre quando as vacas não conseguem dissipar o calor corporal eficientemente, seja por calor excessivo ou mudanças abruptas de temperatura. Esse cenário reduz a ingestão de alimentos e aumenta o consumo de água, alterando o equilíbrio metabólico. O sistema imunológico fica debilitado, abrindo portas para infecções como a mastite.

Em temperaturas elevadas, as vacas priorizam a termorregulação em detrimento de funções essenciais, como a produção de anticorpos. Isso as torna mais suscetíveis a bactérias como Streptococcus e Staphylococcus, principais agentes da mastite. Além disso, o estresse crônico eleva os níveis de cortisol, hormônio que suprime a resposta imune.

O problema é agravado em sistemas de confinamento, onde a densidade animal e a falta de ventilação amplificam o desconforto. Sem intervenções, o ciclo de estresse e infecção se perpetua, comprometendo a saúde do rebanho e a rentabilidade da atividade.

3. Umidade e proliferação de patógenos

Além do calor, a umidade elevada é um fator crítico para o surgimento da mastite. Ambientes úmidos e mal ventilados favorecem a multiplicação de microrganismos, especialmente nas camas e pisos onde as vacas repousam. A umidade constante facilita a persistência de patógenos no úbere.

Em regiões chuvosas, o acúmulo de água e matéria orgânica cria focos ideais para bactérias. O contato frequente do úbere com superfícies contaminadas aumenta o risco de infecções intramamárias. Vacas com ferimentos ou fissuras nos tetos são ainda mais vulneráveis, já que a barreira física de proteção está comprometida.

A solução passa pelo manejo adequado das instalações: drenagem eficiente, troca regular de cama e uso de desinfetantes. Medidas simples, como manter os estábulos secos e limpos, podem reduzir em até 40% a incidência de mastite ambiental.

4. Como as oscilações térmicas afetam a produção

Variações rápidas de temperatura, conhecidas como "estresse térmico de transição", desencadeiam crises metabólicas nas vacas. A alternância entre dias quentes e noites frias, por exemplo, exige adaptações constantes do organismo, consumindo energia que seria usada na produção de leite.

Esse desgaste metabólico reduz a síntese de proteínas do leite e a atividade enzimática, impactando a qualidade do produto. Além disso, o estresse oxidativo gerado pela instabilidade climática danifica células da glândula mamária, agravando quadros inflamatórios.

Vacas em lactação são as mais afetadas, pois já demandam alto gasto energético. Sem ajustes na dieta e no ambiente, a produtividade cai, e os custos com suplementação e medicamentos disparam, pressionando a margem do produtor.

5. Medidas preventivas para mitigar os riscos da mastite

Para combater os efeitos do clima é importante investir em prevenção. Melhorar a ventilação de estábulos, com uso de ventiladores e sombreamento, é prioritário para reduzir o estresse térmico. Sistemas de resfriamento evaporativo, como aspersores, também são eficazes em regiões secas.

Garantir acesso contínuo a água fresca e de qualidade é essencial para manter a hidratação e o metabolismo equilibrado. O monitoramento diário do rebanho, incluindo avaliações de escore corporal e testes de CCS (Contagem de Células Somáticas), ajuda a identificar precocemente casos de mastite.

Por fim, o uso de soluções probióticas e vacinas específicas pode fortalecer a imunidade das vacas. Associar boas práticas de manejo a tecnologias comprovadas é a chave para sustentar a produtividade mesmo em cenários climáticos adversos.

As variações climáticas exigem adaptação urgente do setor leiteiro. Ao integrar manejo ambiental, nutrição estratégica e monitoramento sanitário, os produtores podem proteger seus rebanhos da mastite e garantir um futuro mais resiliente para a atividade.


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Fonte:
https://www.campograndenews.com.br/lado-rural/variacoes-climaticas-estressam-vacas-leiteiras-e-causam-aumento-de-mastite
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