1. Produção leiteira no Brasil;
2. Impacto das importações de leite;
3. Cenário atual e perspectiva para o futuro.
1. Produção leiteira no Brasil
A pecuária leiteira é uma das atividades que contribuem para a segurança alimentar do país. Cerca de 600 mil famílias entregam o leite produzido para os mais de 1.800 laticínios distribuídos em todo Brasil.
2. Impacto das importações de leite
O mercado brasileiro importou 70 milhões de kg de leite neste primeiro quadrimestre de 2023. A nível de comparação, em 2022 neste mesmo período, importou-se 70% a menos, com 21 milhões kg. O leite em pó representa 80% de todo volume importado este ano, e 49% e 46,5% deste valor são oriundos de Argentina e Uruguai respectivamente. Roberto Jank Jr, que é vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), afirma que as importações mensais não chegavam aos níveis deste ano desde 2016. “O Uruguai nunca mandou tanto leite para cá como nos últimos dois meses”, diz.
As importações de lácteos vêm aumentando progressivamente desde 2015, observa Natália Grigol, analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Em 2023, esse avanço está sendo mais significativo devido à redução da oferta interna de leite nos dois últimos anos, causada pela estiagem no Brasil e pela forte alta global das cotações dos grãos. “Isso mudou a estrutura do setor, que não parece ter assimilado muito bem ainda. A indústria está enfrentando uma competição acirrada por fornecedores”, afirma Grigol.
De acordo com a analista, o quadro atípico deste ano tem reflexos sobre o movimento dos preços: as cotações subiram em janeiro, período em que normalmente deveriam estar mais baixas, e há risco de os valores caírem nos próximos meses, quando geralmente subiriam, devido às importações. “Observamos uma reversão da tendência”, diz.
A alta nas importações, tem relação direta com a precificação do leite vizinho, que chega ao Brasil custando cerca de 42 centavos de dólar, 15% mais barato que o leite nacional, que pode chegar a 62. Essa disparidade se deve ao custo de produção, que o produtor brasileiro tem com os insumos comprados aqui. No entanto, o preço pago pelo leite externo não se refletiu nas gondolas dos supermercados, desta maneira o consumo não acompanhou a quantidade importada, causando um excedente do produto, diminuindo o preço pago pelo laticínio ao produtor brasileiro.
O executivo defende que o governo interceda para impedir uma nova quebradeira do setor causada por recuos bruscos nos preços. “Seria importante colocar um limite nas importações”, diz. Ele avalia que o risco de um desequilíbrio com a intervenção estatal seria menor do que o de deixar o mercado como está.
3. Cenário atual e perspectiva para o futuro.
O cenário para o produtor brasileiro não é positivo, pois com o alto custo de produção e a redução na precificação do leite, a margem de lucro torna-se bastante estreita ou até negativa, causando evasão de produtores da atividade. Em vista disso, a eficiência na produção torna-se imprescindível, podendo ser alcançada através de uma boa gestão da propriedade.
Diante da alta dos custos, muitos pecuaristas, resolveram mandar para o abate fêmeas com menor produtividade, aproveitando o preço valorizado da arroba do boi. Reduzindo a operação para que o prejuízo fosse menor. O setor sente hoje os efeitos de fatores climáticos adversos de meses atrás. A seca do último ciclo, que já tinha prejudicado as pastagens, impacta também agora, na entressafra, já que a silagem de pior qualidade se traduz em menor conversão em leite. Patrick Sauvageot, da Lactalis, afirma que aumentar a produtividade do rebanho e a qualidade do leite no Brasil, especialmente se comparado a outros grandes produtores globais, ainda é um desafio estrutural a ser vencido. Porém, é preciso dar condições para que o setor consiga chegar lá.
“Se o consumo não começar a aumentar na mesma proporção, vai sobrar leite no mercado”, disse ao Valor o CEO da Lactalis para a América Latina, Patrick Sauvageot. “O problema é que os consumidores não estão conseguindo pagar pelo produto acabado nos valores atuais”
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